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Indaiatuba - breve histórico

 

Indaiatuba está inserida em uma das regiões metropolitanas mais dinâmicas no cenário econômico brasileiro, no Estado de São Paulo, o mais rico do país, que conta com uma população de 43 milhões de habitantes, o equivalente a 22% da população brasileira, ocupa uma área de 248 mil Km² e abriga 654 municípios do país, responsáveis por 33% do PIB nacional. Segundo o índice da Firjan - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, 98 das 100 melhores cidades para se viver no Brasil estão situadas no Estado de São Paulo. E segundo esse mesmo índice, a cidade de Indaiatuba, situada na região metropolitana de Campinas, foi considerada em 2012 a melhor cidade do Brasil para se viver.

 

Além de possuir uma economia forte e diversificada, a cidade de Indaiatuba destaca-se pela presença de centros inovadores no campo das pesquisas científicas e tecnológicas. E, como muitas outras cidades do mundo nessa posição, uma das consequências do desenvolvimento econômico da cidade é a forte pressão imobiliária, que altera velozmente o tecido urbano através de processos de demolição e verticalização da cidade, fazendo com que o patrimônio edificado e os vestígios da memória urbana estejam frequentemente ameaçados.

 

O processo de formação da cidade de Indaiatuba tem origem na segunda metade do século XVIII, a partir da estratégia de ocupação e definição das fronteiras do eixo centro-sul do Brasil colônia, inscrita na política mercantilista ilustrada do Marquês de Pombal. A implantação dessa política colonizadora pretendia romper com o quadro de despovoamento do território paulista e se deu através da inauguração da produção de açúcar voltada para o comércio metropolitano, articulada à produção de subsistência de uma rede de povoados, freguesias e vilas.

 

Até o final do século XVIII Indaiatuba era apenas um bairro rural, tendo sido elevada à freguesia em 1830 e finalmente à vila em 1859, ganhando, portanto autonomia administrativa. Em 1873 a inauguração da linha férrea, ligando Indaiatuba a São Paulo e ao porto de Santos, foi fato determinante para o desenvolvimento da região e transformações que ocorreram até o final do século XIX, como o plantio das grandes lavouras de café e a vinda maciça de imigrantes europeus, especialmente suíços e italianos para a cidade. Segundo Giovannoni:

 

Os meios rápidos de comunicação modernos, linhas de ferro, linhas de bonde, automóveis, permitem desde então à vida citadina estender-se bem além de seus antigos limites e às novas construções descentralizar-se sobre vastos espaços, desenvolvendo-se simultaneamente em superfície e altura. (GIOVANNONI apud CHOAY, 2011, p.151)

 

E em Indaiatuba, assim como aconteceu na Europa, a tecnologia trouxe desenvolvimento. Em 1906 Indaiatuba foi elevada a cidade, sendo já reconhecida como uma importante região de cultivo e exportação da cana-de-açúcar, do algodão e do café. Em 1911 a cidade de Indaiatuba contava com apenas 1500 habitantes e hoje já são mais de 210 mil. Diversas leis conduziram o crescimento da cidade, o primeiro plano Diretor de Indaiatuba[1] datado final da década de 1960, esse plano guiou o desenvolvimento da cidade até a década de 80 (KOYAMA, 2011).

 

Na década de 1980 a cidade foi tomada por um crescimento acelerado, novos edifícios surgiram verticalizando o centro da cidade e novos bairros e assentamentos populares tomaram as antigas fazendas que começaram a ser loteadas. O arquiteto Ruy Ohtake apresentou em 1995 o projeto do Parque Ecológico, que incluía avenidas, áreas verdes e possibilitava a expansão urbana residencial para o lado oeste da cidade, propondo que o parque fosse o principal vetor urbanístico de crescimento da cidade. Este projeto foi implantado no final dos anos 90, trazendo maior qualidade de vida para toda a comunidade e valorização para a cidade de Indaiatuba (KOYAMA, 2011).

 

O crescimento acelerado da cidade, no entanto, continuou, e em 2010 foi apresentado um novo Plano Diretor para a cidade de Indaiatuba.  Esse novo plano reflete o desejo da cidade em preservar conjuntos arquitetônicos de interesse histórico-cultural. Quanto a Política de Desenvolvimento do Plano Diretor de Indaiatuba, o artigo 20, das Diretrizes Relativas ao Patrimônio Cultural estabelece a necessidade de:

 

I – preservar os sítios, conjuntos urbanos, edifícios e objetos de interesse cultural, por razões arqueológicas, históricas, artísticas, simbólicas, paisagísticas e turísticas, observadas as regras previstas na legislação vigente;

II – controlar o adensamento e a renovação urbana que prejudiquem o patrimônio construído e devidamente tombado;

III – inventariar, registrar, tombar e vigiar os bens culturais de interesse para preservação.

 

Quanto aos Aspectos Ambientais, das Proposições do Plano Diretor do Município de Indaiatuba, anexo V, os conjuntos arquitetônicos de interesse histórico-cultural, que devem ser inventariados e tombados pelo Conselho Municipal de Preservação e Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, são:

 

I – conjunto arquitetônico nº 01, englobando: Igreja Matriz da Candelária, Casarão Pau Preto, Casa nº 1, Praça Leonor de Barros Camargo, Rua Augusto de Oliveira Camargo e suas edificações, Estação Ferroviária, leito da Ferrovia incluindo o Pontilhão e nascente do Córrego Belchior;

II – conjunto arquitetônico nº 02, englobando: Estação de Helvetia, Escola São Nicolau de Flüe, Igreja Cemitério, Casa do Capelão, Casa das Freiras e Casas dos fundadores (Antonio Ambiel e Inácio Ambiel);

III – conjunto arquitetônico nº 03, englobando: Estação de Itaici, Casa de João Tibiriçá Piratininga, Casario próximo à Estação, Vila Kotska e Igreja.

 

Esses conjuntos e edifícios, significativos para a história e memória de Indaiatuba, presenciaram o crescimento e desenvolvimento da cidade à sua volta. Segundo o IBGE, em dezembro de 2012, havia 864 indústrias instaladas em Indaiatuba, 4.301 estabelecimentos comerciais e 5.134 estabelecimentos prestadores de serviços. O processo de industrialização trouxe desenvolvimento, novos meios de transporte, novos moradores e a consequente expansão, especulação imobiliária e verticalização da cidade, fazendo com que parte da história, contada através dos antigos edifícios se perdesse, dando espaço aos novos edifícios e à modernização.

 

A localização e estrutura de Indaiatuba, a Lei municipal de incentivo fiscal (LEI 4752/05) para a instalação de indústrias e empresas, o fácil acesso a grandes rodovias, a proximidade da capital e do Aeroporto Internacional de Viracopos, em breve o maior da América do Sul, atrai continuamente novas indústrias, empresas e riqueza para uma das melhores cidades do Brasil para se viver.

 

 

 

[1] O plano diretor estabelece os objetivos de desenvolvimento do município a serem atingidos, o prazo em que estes devem ser alcançados, as atividades a serem executadas e quem deve executá-las, esse plano é elaborado “a partir de um diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e administrativa da cidade, do município e de sua região, e apresenta um conjunto de propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e futura organização espacial dos usos do solo urbano, das redes de infraestrutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, para a cidade e para o município. Propostas estas definidas para curto, médio e longo prazos, e aprovadas por lei municipal”. (VILLAÇA, 1999, p. 238).

 

Bibliografia:

 

CARVALHO, Nilson Cardoso de. Arquitetura em taipa: um dos últimos exemplares de Indaiatuba. Folheto, 1980.

 

CARVALHO, Nilson Cardoso de. Cronologia Indaiatubana. Indaiatuba: Fundação Pró Memória, 2009.

 

CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. 4ª ed. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2006.

 

FUNDAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA DE INDAIATUBA. Disponível em: <http://www.promemoria.indaiatuba.sp.gov.br/bens-tomados>. Acesso em: 15 maio 2014.

 

IBGE. Disponível em: http://www.indaiatuba.sp.gov.br/desenvolvimento/numeros-da-cidade/. Acesso em: 15 maio 2014.

 

KOYAMA, Adriana Carvalho. Indaiatuba: história e memórias da antiga Freguesia de Cocais e dos anos que se sucederam desde então. Campinas: 3S Projetos e Komedi, 2011.

 

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE INDAIATUBA. Lei complementar nº 09 de 22 de outubro de 2010. Disponível em: <http://www.indaiatuba.sp.gov.br/engenharia/downloads/leis/>. Acesso em: 04 out. 2013.

 

SCACHETTI, Ana Ligia. O ofício de compartilhar histórias: história e memória de Indaiatuba soba a perspectiva de uma periodista. Indaiatuba: Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, 2000.

 

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização, do pensamento único à consciência universal. 22ª ed. Rio de Janeiro - RJ. Editora Record, 2012. ISBN: 9788501058782.

 

VILLAÇA, Flávio. Dilemas do Plano Diretor. In: CEPAM. O município no século XXI: cenários e perspectivas. São Paulo – SP. Fundação Prefeito Faria Lima – Cepam, 1999.

 

ZOPPI, Antônio. Reminiscências de Indaiatuba. Indaiatuba: Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, 1998. 

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